1. Fala-nos um pouco sobre ti.
Sobre isso há pouco a dizer, basicamente sou um arqueólogo que gosta de escrever fora da sua área de formação, nascido em 1985 e criado em São Martinho do Porto. Tenho um sonho simples, sobreviver daquilo que escrevo, para me poder dedicar em exclusivo a criar narrativas. Lamento, não vou puxar daquela clássica tirada de “comecei a escrever ao X anos”, com a qual tantos escritores parecem pretender balizar o seu estatuto. Sim, comecei a escrever quando me ensinaram, mas não dou mais importância a essas histórias do que um pintor dará as gatafunhos que fez no jardim infantil.
2. Agora sobre o teu livro.
Muito gostaria de disser sobre o meu livro, mas não se preocupem, para não vos maçar tentarei divagar pouco.
“Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo” é a primeira de um conjunto de histórias inseridas no género dark fantasy, algumas das quais directamente relacionadas entre si, outras que apenas se inserem no mesmo universo literário. A acção das narrativas de “Crónicas Obscuras” ocorre nas sombras do nosso mundo, sendo protagonizadas por diversas criaturas sobrenaturais e pelos humanos cujas vidas elas afectam.
Resumidamente, “Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo” é a história de como os actos de um indivíduo afectam a vida de vários. Ao longo da narrativa, enquanto Lance procurar a sua vingança, o seu passado e o efeito que a sua busca tem na existência de outros, humanos e Ocultos, vão sendo revelados. Embora Lance “Meia-Raça” seja o catalisador, a história não se centra nele, muito pelo contrário, é narrada pela perspectiva de várias personagens, cabendo ao leitor decidir com que ponto de vista concorda.
3. De onde surgiu a ideia para esta história?
A resposta mais curta seria: do meu fraquinho por criaturas mitológicas, algo que me acompanha desde criança.
“A Vingança do Lobo” começou a ser escrita em 2007, logo após ter saído da Universidade, contudo, as suas raízes são mais profundas (como é habitual). Creio que a ideia tomou forma pela primeira vez em 2003, antes de acabar o secundário. Na altura, tinha desistido de escrever criativamente (devido à leitura de um obra de Lian Hearn), mas o meu cérebro recusava-se a desactivar essa função. Como devem imaginar o conceito original era muito diferente daquilo que acabei por criar anos mais tarde, porém, já tinha todos os pontos chaves: dark fantasy, utilização de criaturas mitológicas, Nova York, uma vingança e o envolvimento inadvertido de uma humana. O primeiro combate no Central Park foi a única cena que quase não sofreu alterações desde a ideia inicial.
4. Já tens projectos futuros? Pretendes manter o mesmo género? Podes dar-nos uma luz do que virá?
Sim a todas as repostas.
Uma vez que dark fantasy permite-me “brincar” um pouco com quase todos os géneros e ainda tenho muitas histórias de “Crónicas Obscuras” para contar, não existe motivo para mudar num futuro próximo. Se o fizer, talvez passe da low para a high fantasy ou enverede pelos policiais.
Quando a “dar-vos uma luz do que virá”, aquele que seguem cronicasobscuras.blogspot sabem que: “O Pergaminho de Fenris”, a sequela de “A Vingança do Lobo”, está apenas à espera de uma editora; “Cicatrizes” está a ser revisto e “Vínculos” encontra-se em fase de construção, condição que partilha com o projecto CO-TP. Outros projectos, neste momento, são apenas pequenas semente à espera de brotarem e até isso acontecer, continuarei a “deixar escapar” alguns contos.
5. O que pensas da literatura portuguesa? Costumas ler? Achas importante apostar no que é nacional?
Como é óbvio acho que a literatura portuguesa é como as demais, tem bons e maus livros. Não sinto necessidade de defendê-la em detrimento das outras, movido por um qualquer nacionalismo mal direccionado. O que me preocupa é a tendência da maioria dos leitores portugueses para subestimarem os livros nacionais, ao ponto de, até quando os valorizam, usarem expressões como “está ao nível do que se escreve lá fora”. Meus amigos, isto não é o século XIX, essa ideia de que só o que vem de fora é que é bom já devia ter desaparecido. Há muitos autores “lá de fora” que não valem nada, mas os seus livros são automaticamente posto à frente dos nacionais.
“Mas as editoras não apostam em autores nacionais.” Gente, as editoras apostam no que acreditam que dará lucro, seguindo o caminho de menor resistência. Como é óbvio estarão muito mais inclinados a apostarem num autor que já vendeu não sei quantos mil exemplares “lá fora” do que num desconhecido, especialmente, sabendo que “por cá” os livros estrangeiros têm mais saída.
É por isso que normalmente faço mais publicidade a autores nacionais, pois sei que precisam de esforçar-se o dobro para terem a mesma divulgação que os estrangeiros. Eu sei, é esquisito.
6. Autores que te inspiram: Albert Camus, pelo domínio da arte de escrever; Juliet Marillier, pelo modo como constrói psicologicamente as personagens; Lian Hearn, pela beleza dos cenários que cria; Jonathan Stroud, pelo modo como joga com vários tipos de narrador; Neil Gaiman, pela capacidade de incorporar o fantástico no mundano; Terry Pratchett, pelo sentido de humor; Oscar Wilde e Eça de Queirós pela inteligência das suas críticas sociais.
9. Apelos ou agradecimentos que queiras deixar.
Não são bem apelo, mas antes sugestões: visitem cronicasobscuras.blogspot e leia “Crónicas Obscuras – A Vingança do Lobo”.
Quanto a agradecimentos, limitar-me-ei a dizer “obrigado”, os visados sabem quem são e porque o digo.
10. O que achas do blog d311nh4?
Andreia, acho que d311nh4 é precisamente aquilo que pretende ser, um sítio onde são publicadas as tuas opiniões. Concordo com algumas e discordo de outras, como acontece com qualquer outro blog do género.
Para opinião e sinopse clicar na imagem.
O objetivo é que a partir desta entrevista façam vocês as vossas perguntas.
Para submeter perguntas enviem um e-mail para d311nh4@gmail.com e no assunto Entrevista a Vitor Frazão.
Ao atingirmos as 10 perguntas, sai a 2ª entrevista.
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