SINOPSE: A imigração portuguesa no Brasil, no séc. XX, retratada num romance sobre a saga de uma família em busca de um futuro melhor. Ao longo de cem anos acompanhamos as alegrias e tristezas, as discussões e as pazes, as separações e os que são felizes para sempre.
"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema - principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida é azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares."
Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.
OPINIÃO: Quem tem uma relação familiar chegada, conseguirá ver a incrível pertinência deste livro.
O autor escolhe os termos culinários para caracterizar as relações familiares, as suas desavenças e o amor que existe sempre, nem que esteja apenas retido na memória de uma infância feliz.
O arroz de Palma é o fator chave de toda a narrativa. Funciona como uma personagem e vai se refletindo ao longo da vida desta família.
O arroz é mágico. Ou, melhor, abençoado.
Palma, no dia do casamento do irmão, ainda em terras lusas, emociona-se com o amor que é arremessado aos noivos, em forma de arroz, à saída da igreja. Todas aquelas pessoas que lhes querem bem, a chorar de felicidade, a lançarem sorrisos e boas novas ao recente casal. Palma decide recolher esse arroz tão preenchido de boas vibrações e oferecê-lo ao irmão e cunhada.
Um gesto bonito e original que o irmão rejeita, mas que a cunhada guarda com apreço.
Palma não leva a mal a atitude do irmão porque já se habituou ao seu temperamento dificil. Aqui, encontramos logo uma das particularidades das relações familiares. As discussões existem, persistem, repetem-se e leva-as o vento.
O ceticismo deste homem passa para os seus filhos, concebidos sobre o milagre do bendito arroz, que, curiosamente, nunca se estraga.
Porém, o mais velho maravilha-se com as histórias de Palma e sente-se um sortudo por ter nascido numa família com uma herança tão mágica!
O enredo desenrola-se desmontando a vida deste e as suas afinidades com a família. Fala-se de inveja, intrigas, adultério, julgamentos precipitados, um rol de aperitivos que apimentam o destino, contudo feliz, dos descendentes de tia Palma e do seu abençoado presente.
A família é, de facto, um prato difícil de preparar, mas quando acaba não volta mais.
Um livro que se adequa a muita gente e que fará sorrir com a semelhança das birras mesquinhas e sem nexo que todos conhecemos, enquanto família.
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