SINOPSE: R é um jovem com uma crise existencial – ele é um zombie. Ele vagueia por uma América destruída pela guerra, pelo colapso social, e pela fome desmesurada dos seus companheiros mortos-vivos, mas ele anseia algo mais que sangue e cérebros. Ele pode falar somente algumas sílabas grunhidas, mas a sua vida interior é profunda, plena de maravilha e desejo. Ele não tem quaisquer memórias, nem identidade, nem pulsação, mas tem sonhos.
Depois de vivenciar as memórias de um menino adolescente ao consumir o seu cérebro, R faz uma escolha inesperada que começa com um tenso, desajeitado, e estranhamente doce relacionamento com a namorada humana da vítima. Julie é uma explosão de cor no meio da sombria e cinzenta paisagem que cerca R.
A sua decisão de protegê-la vai transformar não apenas R, mas também o seu companheiro Morto, e talvez o seu mundo inteiro.”
OPINIÃO: Este foi, sem dúvida, o livro mais estranho que li nos últimos tempos.
Sinceramente, eu nem sei se gostei disto ou não!
Passo a explicar...
Em primeiro lugar, custa-me imenso associar pensamentos, emoções humanas neste monstro. Vejamos, o zombie é um morto que anda, certo? Ele já não tem alma, já não tem... vida!
Ok. Eu sei que os vampiros também não têm e os fantasmas idem. Mas eu ainda acho que funciona melhor com estes últimos.
Isto para dizer que este zombie em questão apaixona-se! Não consigo engolir isto lá muito bem, mas deve ser preconceito meu.
Segundo ponto estranho: o zombie, que se apaixona, é correspondido!
Isto sim, é estranho. Zombie = a cadáveres em decomposição.
A temática de "a bela e o monstro" não tem o mesmo "odor" aqui. Desculpem, mas simplesmente "cheira-me" um pouco mal.
O grande terceiro ponto está relacionado com a construção do enredo e estou parva por ver que ninguém ainda mencionou nada sobre isto.
Então, o nosso R começa por mencionar o facto de os zombies estarem vestidos com a roupa com que morreram. Cheiram mal e estão totalmente esfarrapados. Isto porque o zombie não é capaz de se vestir e despir, certo?
No entanto, parece que o pervertido do amigo do R, o M, gosta de ter relações sexuais com outros zombies do sexo feminino. E como é que ele faz isso? Estando todos nus, um à frente do outro, a chocarem o corpo.
A minha pergunta é: como é que o M (e outros) fazem isto? Ora estão nus, ora aparecem vestidos, sem ter a habilidade de o fazer!
Outro levantamento de sobrolho deu-se, mais à frente, na procura de comida para Julie.
No início, R menciona que a eletricidade do aeroporto está quase sempre desligada e que ele gosta de se deixar ficar nas escadas rolantes, aguardando pacientemente que a eletricidade se ligue por escassos minutos e que estas andem. Ali fica ele a desfrutar do passeio.
Contudo, quando saem em busca de alimentos para Julie, R percebe que a comida dos armários se encontra toda estragada, com vermes à mistura. Então, ele dirige-se ao frigorífico que manteve as conservas fresquinhas e comestíveis após anos.
Como se na maior parte do tempo não há luz?
Terceira e não última (mas não me apetece mesmo numerar tudo que me deixou estupidificada): R diz que não sabe o seu nome. R não se recorda se era boa pessoa ou não. R não sabe o que fazia da vida e não se recorda de nada do seu tempo como vivo. De repente, umas páginas adiante, R diz que antigamente não passava tanto tempo calmo e sereno, simplesmente a observar.
Lembra-se ou não se lembra? Assim fica difícil perceber as capacidades destes seres, já por si muito estranhos.
Porque é que não é simplesmente um 1 e arrumou o assunto? Porque ficar indecisa sobre se gostei ou não?
O livro tem umas observações muito pertinentes. Os pensamentos existencialistas de R trazem algumas reflexões e a linguagem que o autor utiliza é poética, sem ser complicada, e deliciosa de ler. Absorve-se o que ele escreve com muita naturalidade.
O livro entretém e o humor implícito na inocência de R traz bons momentos à leitura.
Tem alguma crueldade, nomeadamente no que respeita a natureza de R e a inevitabilidade em tomar a cabo certas ações.
Julie não é uma protagonista feminina irritante e, por fim, a história tem uma máxima importante que diz respeito a todos. Os valores que se evidenciam estão a ser esquecidos e, por vezes, só no verdadeiro caos podem ser reencontrados.
Enfim. Concluindo, um livro muito estranho. Bom? Não. Mau? Também não.
Sinceramente, eu nem sei se gostei disto ou não!
Passo a explicar...
Em primeiro lugar, custa-me imenso associar pensamentos, emoções humanas neste monstro. Vejamos, o zombie é um morto que anda, certo? Ele já não tem alma, já não tem... vida!
Ok. Eu sei que os vampiros também não têm e os fantasmas idem. Mas eu ainda acho que funciona melhor com estes últimos.
Isto para dizer que este zombie em questão apaixona-se! Não consigo engolir isto lá muito bem, mas deve ser preconceito meu.
Segundo ponto estranho: o zombie, que se apaixona, é correspondido!
Isto sim, é estranho. Zombie = a cadáveres em decomposição.
A temática de "a bela e o monstro" não tem o mesmo "odor" aqui. Desculpem, mas simplesmente "cheira-me" um pouco mal.
O grande terceiro ponto está relacionado com a construção do enredo e estou parva por ver que ninguém ainda mencionou nada sobre isto.
Então, o nosso R começa por mencionar o facto de os zombies estarem vestidos com a roupa com que morreram. Cheiram mal e estão totalmente esfarrapados. Isto porque o zombie não é capaz de se vestir e despir, certo?
No entanto, parece que o pervertido do amigo do R, o M, gosta de ter relações sexuais com outros zombies do sexo feminino. E como é que ele faz isso? Estando todos nus, um à frente do outro, a chocarem o corpo.
A minha pergunta é: como é que o M (e outros) fazem isto? Ora estão nus, ora aparecem vestidos, sem ter a habilidade de o fazer!
Outro levantamento de sobrolho deu-se, mais à frente, na procura de comida para Julie.
No início, R menciona que a eletricidade do aeroporto está quase sempre desligada e que ele gosta de se deixar ficar nas escadas rolantes, aguardando pacientemente que a eletricidade se ligue por escassos minutos e que estas andem. Ali fica ele a desfrutar do passeio.
Contudo, quando saem em busca de alimentos para Julie, R percebe que a comida dos armários se encontra toda estragada, com vermes à mistura. Então, ele dirige-se ao frigorífico que manteve as conservas fresquinhas e comestíveis após anos.
Como se na maior parte do tempo não há luz?
Terceira e não última (mas não me apetece mesmo numerar tudo que me deixou estupidificada): R diz que não sabe o seu nome. R não se recorda se era boa pessoa ou não. R não sabe o que fazia da vida e não se recorda de nada do seu tempo como vivo. De repente, umas páginas adiante, R diz que antigamente não passava tanto tempo calmo e sereno, simplesmente a observar.
Lembra-se ou não se lembra? Assim fica difícil perceber as capacidades destes seres, já por si muito estranhos.
Porque é que não é simplesmente um 1 e arrumou o assunto? Porque ficar indecisa sobre se gostei ou não?
O livro tem umas observações muito pertinentes. Os pensamentos existencialistas de R trazem algumas reflexões e a linguagem que o autor utiliza é poética, sem ser complicada, e deliciosa de ler. Absorve-se o que ele escreve com muita naturalidade.
O livro entretém e o humor implícito na inocência de R traz bons momentos à leitura.
Tem alguma crueldade, nomeadamente no que respeita a natureza de R e a inevitabilidade em tomar a cabo certas ações.
Julie não é uma protagonista feminina irritante e, por fim, a história tem uma máxima importante que diz respeito a todos. Os valores que se evidenciam estão a ser esquecidos e, por vezes, só no verdadeiro caos podem ser reencontrados.
Enfim. Concluindo, um livro muito estranho. Bom? Não. Mau? Também não.
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